quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PARADOS NO TEMPO - FOTOS

A actividade PARADOS NO TEMPO pretendeu homenagear Fernando Pessoa nos 75 anos da sua morte. Vários alunos, membros da O. P., visitaram, durante o segundo bloco da manhã, algumas turmas da escola, a biblioteca e a sala de professores dizendo e dramatizando poesia de Pessoa e heterónimos.

ALUNOS ENVOLVIDOS NA ACTIVIDADE:

Sebastião (12ºC) - Fernando Pessoa
Daniel (12ºD) - Álvaro de Campos
Tomás (10ºE) - Alberto Caeiro

António (10º E) - Ricardo Reis

Bernardo e Dinis (11ºE) - anunciantes

Na sala/"contentor" de professores














Na Biblioteca/"contentor"






No 12º D







No 12º C






No 12º A











No 11º E





No 8º A






QUE HORAS SÃO, MÃE?


Como a noite é longa...
Toda a noite é assim.
Senta-te, ama, perto do leito onde esperto
Vem para ao pé de mim.
Amei tanta coisa, hoje nada existe.
Aqui ao pé da cama
Canta-me, minha ama, uma canção triste.
Era uma princesa que amou, já não sei...
Como estou esquecido.
Canta-me ao ouvido e adormecerei.
Que é feito de tudo?
Que fiz eu de mim?
Deixem-me dormir,
Dormir a sorrir
E seja isto o fim.


Fernando Pessoa


Vai buscar, ó Vento, a minha Mãe. Leva-me na noite para a casa que não conheci... Torna a dar-me, ó Silêncio imenso, a minha ama e o meu berço e a minha canção com que eu dormia...

Bernardo Soares


Estou doente. Meus pensamentos começam a estar confusos.
Mas o meu corpo, tocando nas coisas, entra nelas.
Sinto-me parte das coisas com o tacto
E uma grande libertação começa a fazer-se em mim...

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente...

É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus.
Fiz sinal de gostar de o ver ainda, mais nada.

Alberto Caeiro

Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.

Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na lama,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbulo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá...

Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada?
Colhe as flores mas larga-as...

Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.

Ricardo Reis

Não tenho medo, ó Morte...
Estendo os braços para ti como uma criança
Do colo da ama para o aparecimento da mãe...
Por ti deixo contente os meus brinquedos de adulto.
Por ti não tenho parentes, não tenho nada que me prenda
A este prodigioso, constante e doentio universo.

Não há abismos!
Nada é sinistro!
Não há mistério verdadeiro!

Tu, tu mestre Caeiro, tu é que tinhas razão!
Mas ainda não viste tudo: tudo é mais ainda!
Alegre cantaste a alegria de tudo...

Seja com alegria que eu reconheça que a Morte
Vem como um sol distante na antemanhã do meu novo ser.

Acolhei-a, ao chegar,
A ela, à Morte, a esse erro de vista,
Acolhei-a sem medo,
... Acolhe o viajante que há-de chegar no comboio de Além.
Acolhei-a contentes,
Gritai às alturas,
... Que a morte não tem importância nenhuma.
Que a morte é um disparate,
E que se tudo isto é um sonho, é a morte um sonho também.
Ah, estou liberto!
Ah, quebrei todas
As algemas do pensamento.

Eu o próprio abismo que sonhei.
Eu, que via em tudo caminhos e atalhos de sombra
E a sombra e os caminhos e os atalhos eram eu!
Ah, estou liberto...

Mestre Caeiro, voltei à tua casa do monte
E vi o mesmo que vias, mas com meus olhos,
Verdadeiramente com meus olhos.
Verdadeiramente verdadeiros...
Ah, vi que não há morte alguma!

Álvaro de Campos